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Governo de SP pede para comitê reavaliar volta às aulas

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O centro de contingência contra o coronavírus, comitê do governo de São Paulo que delibera sobre a quarentena no estado, vai reavaliar a volta às aulas programada para o início de setembro. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (16) após o coordenador-executivo do grupo, o médico João Gabbardo, ser questionado sobre uma projeção matemática que estima até 17 mil mortes entre crianças com a retomada das escolas em todo o Brasil.

“Em função dessas novas informações, a gente pediu para que o centro de contingencia, que tem discutido isso com o secretário da educação, faça uma reavaliação daquilo que já foi definido. Tão logo nós tenhamos essas informações, a gente vai trazer aqui para a entrevista coletiva”, disse Gabbardo.
A afirmação ocorre dois dias depois do seminário da Fapesp sobre coronavírus no qual o matemático Eduardo Massad, professor titular da Escola de Matemática Aplicada Fundação Getúlio Vargas (FGV), criticou a retomada das aulas em SP e fez a estimativa de 17 mil óbitos em todo o país
São Paulo planeja a retomada gradual das aulas a partir de 08 de setembro para as cidades que tiverem mais de 28 dias na fase amarela do Plano São Paulo de flexibilização, segundo o governo paulista. A proposta prevê ainda combinação de aulas presenciais e virtuais (veja aqui).

No mesmo evento virtual, o ex-coordenador do comitê de saúde estadual, Dimas Covas, disse que as mortes diárias por coronavírus no estado de São Paulo podem continuar em um “patamar elevado” até 2021.

Projeção sobre a volta às aulas
No debate virtual com especialistas realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp) e o Butantan, o matemático Eduardo Massad afirmou que São Paulo e o Brasil não vivem um bom momento para reabertura de escolas.

“As aulas absolutamente não podem voltar em setembro. Nós temos hoje no Brasil 500 mil crianças portadoras do vírus zanzando por aí. Se você reabrir agora em agosto, mesmo usando máscara, mesmo botando distância de dois metros. No primeiro dia de aula nós vamos ter 1.700 novas infecções, com 38 óbitos. Isso vai dobrar depois de 10 dias e quadruplicar depois de 15 dias. Então, abrir as escolas agora é genocídio”, declarou.
Por meio de fórmulas matemáticas, Eduardo Massad afirmou que, caso aconteça uma reabertura precipitada das escolas no Brasil, o país pode saltar de 300 mortes de criança abaixo de 5 anos para 17 mil até o final do ano.

“300 e poucas crianças abaixo de 5 anos morreram no Brasil. Se a gente reabrir as escolas, nós vamos chegar a 17 mil. São 17 mil crianças que vão morrer e não precisariam morrer. Todo o resto dos problemas vocês consegue dar um jeito e resolver. Nós estamos falando de vidas. Se a gente abrir sem um planejamento muito preciso e um controle muito grande, o que vai acontecer é que vai morrer 17 mil crianças contra 300 e poucas no curso natural da epidemia, com as escolas fechadas”, afirmou.

No mesmo seminário, Massad também criticou a utilização do platô como meta de política pública.

“Alguns dirigentes têm usado esse platô como argumento pra dar sustento às suas políticas de relaxamento das medidas de isolamento social. Na verdade, é o que eu venho dizendo a algum tempo: o platô é a assinatura do fracasso. Toda curva epidêmica que se preze ela tem que atingir um pico e cair”, afirmou.
Críticas à reabertura
As mortes diárias por coronavírus no estado de São Paulo podem continuar em um “patamar elevado” até 2021, segundo projeção apresentada nesta terça-feira (14) pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
“Nós vamos manter essa epidemia por um bom tempo ainda. A taxa de mortalidade, embora possa estar estabilizada, está em um patamar elevado. Temos algo em torno de 300 óbitos por dia no estado de São Paulo. O que corresponde a um Boeing 747. Estamos tendo a explosão de um Boeing 747 por dia e pode ser que isso se prolongue até o ano que vem”, afirmou durante debate virtual com especialistas realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp) e o Butantan.

Dimas Covas faz parte do Centro de Contingência montado pelo governo de São Paulo e já coordenou o grupo em um dos revezamentos de seus membros. No entanto, apresenta posições diferentes das defendidas pela gestão João Doria (PSDB).

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